Archive for junho, 2022

3 de junho de 2022

Direito de morte e poder sobre a vida – Foucault

Publicamos aqui o último capítulo da obra “História da Sexualidade I – A vontade de saber”, primeiro texto onde Michel Foucault se refere ao termo biopolítica.


Por muito tempo, um dos privilégios característicos do poder soberano fora o direito de vida e morte. Sem dúvida, ele derivava formalmente da velha patria potestas que concedia ao pai de família romano o direito de “dispor” da vida de seus filhos e de seus escravos; podia retirar-lhes a vida, já que a tinha “dado”. O direito de vida e morte, como é formulado nos teóricos clássicos, é uma fórmula bem atenuada desse poder. Entre soberano e súditos, já não se admite que seja exercido em termos absolutos e de modo incondicional, mas apenas nos casos em que o soberano se encontre exposto em sua própria existência: uma espécie de direito de réplica. Acaso é ameaçado por inimigos externos que querem derrubá-lo ou contestar seus direitos? Pode, então, legitimamente, entrar em guerra e pedir a seus súditos que tomem parte na defesa do Estado; sem “se propor diretamente à sua morte” é-lhe lícito “expor-lhes a vida”: neste sentido, exerce sobre eles um direito “indireto” de vida e morte.

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2 de junho de 2022

Eduardo Galeano – Veias abertas da América Latina

O livro “Veias abertas da América Latina”, escrito a pouco mais de 50 anos (1971) pelo escritor/pensador uruguaio Eduardo Galeano, é uma das obras de leitura obrigatória para o entendimento desta nossa região do mundo. Mesmo estando localizada num espaço-tempo específico de sua criação, período de ditaduras militares espalhadas pelo continente, o texto consegue (infelizmente segundo o próprio autor) ainda representar a realidade atual dos países latinoamericanos.

Deixo aqui publicado o prefácio escrito por Eduardo Galeano para a edição da LP&M traduzida por Sergio Faraco, bem como a introdução do livro. No fim, um link para o arquivo em pdf disponível (até o momento deste posto) no site edisciplinas.usp.br. Boa leitura.


Prefácio por Eduardo Galeano (Montevidéu, 2010) – Este volume oferece uma nova versão brasileira de As veias abertas da América Latina. Esta tradução, excelente trabalho de Sergio Faraco, melhora a não menos excelente tradução anterior, de Galeno de Freitas. E graças ao talento e à boa vontade destes dois amigos, meu texto original, escrito há quarenta anos, soa melhor em português do que em espanhol.

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